A praça e uma candidatura em construção*


Pablo Renan Silva Campos**

No dia 4 de julho de 2009, os alunos da disciplina, Patrimônio Cultural do curso de licenciatura em história da (UFS) Universidade Federal de Sergipe, foram à cidade histórica de São Cristóvão com o objetivo de realizar uma pesquisa de opinião entre os moradores daquela localidade. Estes tiveram o acompanhamento dos professores, Claudefranklin Monteiro, docente da disciplina na instituição e Thiago Fragata que além de cidadão sancristovense é um pesquisador entusiasta e há muito tempo vem engajado no processo de divulgação da diversidade cultural da cidade de São Cristóvão.

Essa pesquisa consiste em saber dos populares seus respectivos modos de ver a candidatura da praça São Francisco à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade, a ser concedido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência, Cultura e Comunicação). Só para lembrar, a mesma possui o título de Patrimônio Nacional e em momentos passados, já almejou esse reconhecimento. Contudo, faltaram alguns detalhes determinantes que serão comentados adiante.

Para um bem cultural, como é o caso da Praça São Francisco, ser alvo da salvaguarda e conseqüentemente receba tal reconhecimento, é preciso estar sujeito a alguns critérios, como: manter as características do período ao qual esteve inserido; a cidade deve ser voltada em seu todo para a preservação ambiental e o mais importante que é o valor histórico, artístico, documental e sentimental, ou seja, deve ter uma representatividade para a comunidade e é necessário que a mesma manifeste-se um desejo sobre esse bem.

Analisando esses dados mencionados, nota-se o porquê do título ter sido adiado anteriormente, quando especialistas da UNESCO vieram fazer uma verificação técnica. As alegações deles foram: a falta de saneamento básico e uma questão lamentável que é a poluição do rio Paramopama que chegou a ser alvo de uma reportagem maliciosa do jornalista Pedro Bial da Rede Globo em sua passagem por São Cristóvão, na qual fez uma matéria para o Jornal Nacional.

Bem, mas agora os leitores devem está curiosos e se perguntando: qual foi o resultado da pesquisa? Como é que andam as obras de restauração e de saneamento básico na cidade? Qual o próximo passo a ser seguido? E quando sai o resultado da UNESCO?

Vamos à questão, o resultado da pesquisa não foi animador para nosso grupo que adentrou nesse projeto e se comprometeu a fazer o que estivesse ao seu alcance para ajudar nessa candidatura, que se conquistada será um prêmio e uma condição de satisfação não só para São Cristóvão, mas também, para Sergipe em geral.

Numa reunião, traçamos metas que seriam desenvolvidas e aplicadas passo-a-passo, a primeira delas foi saber como a população pensa a respeito do assunto. Assim, foram elaboradas algumas perguntas e as mesmas aplicadas. Uma delas chamou muito atenção, no momento que perguntávamos: Você sente orgulho em morar aqui?, foi uma surpresa para nós vê que as maiorias das respostas foram NÃO, sendo assim, em primeiro instante ficamos tristes, mais logo depois felizes, isso é paradoxal, vou explicar melhor, claro que nossa vontade era que todos respondessem SIM e com uma justificativa bem sucinta, porém, não ocorreu, então ficamos tristes, mas felizes porque esses mesmos não sabiam justificar e logo diziam A corrupção e a falta de empregos aqui é grande, a princípio chegamos à conclusão de que eles não odeiam a cidade e toda sua carga cultural que ela possui, o problema é que estes não sabem diferenciar o amor a terra natal da revolta que tem em relação aos seus administradores. Contudo, é relevante essa revolta, pois, é só ir verificar as condições em que vivem os cidadãos e o estado em que a cidade se encontra: falta de saneamento, oportunidade de vida e lazer. É isso que faz os moradores transferirem a raiva que sentem pelos políticos para a cidade.

Sobre as condições atuais das obras, estão lentas e mal administradas, como já foi dito em outras passagens. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional), hoje com uma nova superintendência, tenta adiantar as restaurações e a própria prefeitura é encarregada de solucionar outros problemas, como por exemplo, a questão da iluminação pública no centro histórico e nas intermediações do local que deve ser subterrânea. No referente à preservação ambiental, Thiago Fragata junto com seu grupo Comissão de Candidatura e seus alunos executaram um projeto no quais Pneus foram recolhidos do rio Paramopama.

Os próximos passos são a continuidade dessas obras, mas para que elas estejam devidamente prontas no período estabelecido, é de fundamental importância o engajamento de todos, população, IPHAN, administradores locais, instituições estaduais e a Universidade Federal. Esta última foi uma das causas da nossa inclusão nesse projeto. Chegamos à conclusão de que deveríamos dar suporte ao Thiago e também que é dever de uma instituição como a UFS participar desse processo, mesmo porque ela está situada em solo sancristovense.

A decisão será divulgada em julho de 2010, se for positiva os benefícios serão diversos e incalculáveis, não só pelo fator patrimonial, mas também, desenvolvimento que conseqüentemente afetará positivamente a população, como exemplo, o aumento do fluxo de turismo, agora em nível internacional, possibilitando o aumento de renda municipal e a geração de empregos em diversos campos, além disso, a cidade estará dentro dos padrões de preservação ambiental que é um dos temas mais citados e discutidos nas sociedades contemporâneas.

* Artigo publicado no JORNAL DO DIA. Aracaju, ano V, N. 1406, 19/09/2009, p. 4.
**Graduando em História da Universidade Federal de Sergipe Projeto A Praça São Francisco é do Povo (DHI/UFS)

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